As Leis de Deus
Por: Paulo Artur Gonçalves
Objetivo deste artigo
Há uma dificuldade do frequentador não assíduo de um Centro Espirita
compreender a Doutrina Espirita e se interessar pela leitura do Livro dos Espíritos
e Evangelho Segundo o Espiritismo.
O motivo é a não assiduidade dos frequentadores da casa que não
frequentam os cursos da doutrina espirita.
Se feito estudo do Livro dos Espíritos em forma sequencial das questões
eles sempre acabam por perder o fio da meada.
Além disso, o Livro dos Espíritos é muito extenso e consome quase um
ano, estudando questões por questões em uma reunião por semana.
Esta
série de artigos, “Resumo Informativo da Doutrina Espirita”, objetiva a fazer abordagens
condensadas do essencial da doutrina espirita constante no Livro dos Espíritos
e Evangelho Segundo o Espiritismo.
O
objetivo é que cada artigo resuma um assunto por inteiro.
Estes
resumos, se utilizados como suporte a palestras, elas terão começo meio e fim
em até uma hora.
Estes
resumos informativos também visam a dar um panorama geral a pessoas que querem
saber um pouco sobre o espiritismo.
A
ideia por traz disto é mostrar o assunto na forma top down para despertar o
interesse por conhecê-lo na totalidade e, neste caso, deverá ser utilizado o Livro
dos Espíritos e/ou o Evangelho Segundo o Espiritismo.
As
frases escritas em caracteres itálicos são de autoria de Allan Kardec e foram “pescadas”
no Livro dos Espíritos.
INTRODUÇÃO
Uma das primeiras coisas que nos ensinaram era que
os 10 mandamentos bíblicos eram a lei de Deus.
Estes
10 mandamentos não são a lei natural e moral de Deus e sim leis de um código
civil simplificado que Iahweh, o deus bíblico, ditou a Moises.
Eles
contem também alguma coisa das leis morais.
Na
Bíblia, Deuteronômio. Cap. 5 v 6 a 21, temos os 10 mandamentos:
No primeiro Iahweh se impõe como sendo ele o único deus do povo
de Israel e exige exclusividade em relação aos demais deuses.
I. Eu
sou o senhor, vosso deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não
tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros. - Não fareis imagem
esculpida, nem figura alguma do que está em cima do céu, nem embaixo na Terra,
nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os adorareis e não lhes
prestareis culto soberano, porque eu, o senhor vosso deus, sou deus
zeloso, que puno a iniqüidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta
gerações daqueles que me aborrecem, e uso de misericórdia até mil gerações
daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.(grifos meus)
No
segundo ele exige respeito com o uso de seu nome.
II. Não
pronunciarás para um uso vão o nome do senhor, teu deus; porque o senhor não
terá por inocente aquele que tiver pronunciado para um uso vão o seu nome.
No
terceiro ele estabelece o descanso semanal.
III.
Guardarás o dia do sábado e o santificarás, como te ordenou o senhor, teu deus.
Trabalharás seis dias ...
No quarto esta ele visa a agregar a família.
IV.
Honra teu pai e tua mãe, como te mandou o senhor, para que prolonguem teus dias
e prosperes sobre a terra que te deu o senhor teu deus.
Do quinto
ao decimo quatro proibições primarias sendo:
a) Assassinato
V.
Não matarás.
b) Adultério por ato ou
pensamento
VI. Não
cometerás adultério –
IX. Não
desejarás a mulher do teu próximo
c) Roubo
por ato ou pensamento
VII.
Não furtarás.
X. Não cobiceis sua casa, nem seu
campo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem o seu boi, nem seu jumento, nem nada do que lhe pertence.
d) Uma regra ética de boa
convivência
VIII.
Não levantarás falso testemunho falso contra teu próximo.
OBS:
As regras “b” e “d” são complementadas em Deuteronômio, 22:22 e em Levítico, capítulo 20, de 7 a 21 onde Iahweh regulamenta a
poligamia e estabelece restrições ao relacionamento sexual, visando a combater
o adultério (então o maior mal de Israel ) e o homossexualismo.
Em outras passagens da bíblia Iahweh, como espirito
guerreiro, estabelece regras barbaras de como tratar os povos conquistados e
repartir o produto do saque.
Estas regras hoje são crimes contra a humanidade.
Vide: Deuteronômio
cap. 20 v 10 a 16 e Êxodo cap. 30 v 11 a 16,
Iahweh era um deus no sentido de ser um
espirito guia do povo de israel.
O uso da palavra deus, para designar guia ou
intermediário entre Deus e o homem, remonta da mais longínqua antiguidade como
por exemplo no Livro dos Mortos do Antigo Egito, antes mesmo do advento da
bíblia.
No Livro dos Mortos Anubis, Iris, Maat, Osires,
etc., eram deuses e Deus era chamado por nomes próprios como Emen-Rá (a
luz oculta), Atum-Rá (o começo e o fim de toda a luz) e Eaau (poder que foi
polarizado e expandido criando o universo).
Também o descreviam
como “Nenhum
dos seus pensamentos podem concebê-Lo, nenhuma linguagem pode defini-Lo: O que
é incorpóreo, sem forma, invisível e não pode ser apreendido pelos nossos
sentidos; O que é eterno e não pode ser mensurado pelos critérios limitados do
tempo. Ele é inefável (algo que não pode ser expresso com palavras)”
Jesus
usava a palavra Pai e fez alguma referencia a deuses dizendo, por exemplo, aos
apóstolos “vos sois deuses”.
Também no evangelho apócrifo de Tome no
Versículo
30 Jesus disse: “Onde há três
deuses, eles são deuses. Onde há dois ou um, eu estou com ele”.
Na data
de hoje o Budismo se refere aos espíritos no topo da sua escala da evolução
(espíritos puros na escala Kardeciana) como sendo deuses.
Assim o
deus único de Israel acabou por sendo confundido com a unicidade de Deus e esta
confusão persiste até os dias de hoje onde varias religiões dizem que seu deus
é único.
Assim, as
religiões abraâmicas/cristãs (católicos, ortodoxos, protestantes, evangélicos,
etc.) adotam o deus Iahweh como sendo Deus variando somente os dogmas, ritos, e
formas de interpretação da bíblia.
O
espiritismo conceitua e busca Deus.
AS LEIS DE DEUS
Sobre as
leis de Deus no Livro dos Espíritos,
Parte Terceira. Capítulos de I a XII - Allan Kardec diz:
A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira
para a felicidade do homem; ela lhe indica o que deve ou não fazer, e ele é
infeliz somente quando se afasta dela.
A lei natural Eterna e imutável como o próprio
Deus.
Deus não pode se enganar; são os homens que são
obrigados a mudar suas leis, porque são imperfeitos; mas as leis de Deus são
perfeitas. A harmonia que rege o universo material e o universo moral é fundada
sobre as leis que Deus estabeleceu para toda a eternidade.
Todas as leis da natureza são leis divinas, uma vez
que Deus é a causa de todas as coisas. O sábio estuda as leis da matéria, o
homem de bem estuda as leis morais e as pratica.
Uma vez que o homem traz
escrito na consciência a lei de Deus, há necessidade que lhe seja revelada para
que aflore.
Assim, Deus deu a alguns
homens a missão de revelar Sua lei.
A lei natural pode ser
dividida em onze partes compreendendo as leis de adoração, trabalho,
reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade
e, por fim, a de justiça, amor e caridade e perfeição moral.
O tipo mais perfeito que
Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo foi Jesus.
Lei da adoração:
É a elevação do pensamento à Deus.
Pela adoração, a alma (espírito encarnado) se aproxima d’Ele.
A verdadeira adoração é a do coração.
Em todas as vossas ações, imaginai sempre que o Senhor está convosco.
Esta lei é equivalente a Amar a
Deus sobre todas as coisas.
O estudo desta lei está subdivido em:
- 1. Objetivo da adoração. - 2. Adoração exterior.
- 3. Vida contemplativa.
- 4. A prece. - 5.Panteísmo. - 6. Sacrifícios.
O trabalho é uma lei natural, por isso mesmo é uma necessidade, e a
civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta suas necessidades e
prazeres.
Ao trabalhar o homem promove o progresso.
O estudo desta lei está subdivido em:
1. Necessidade do trabalho. - 2. Limite do trabalho. Repouso.
Isso é evidente; sem a reprodução, o mundo corporal acabaria.
Esta lei se aplica ao reino
vegetal e animal incluindo ai o homem.
É necessário e permitido ao homem
que entenda melhor esta lei atuando nela.
Portanto, criar novas espécies de
vegetais, fazer clones de animais, criar fetos humanos em provetas, etc, e é
aprendizado segundo o Lei do progresso.
O estudo desta lei está subdivido em:
-
1. População do globo. - 2. Sucessão e aperfeiçoamento das raças.
-
3. Obstáculos à reprodução. - 4. Casamento e celibato. - 5. Poligamia.
O instinto de conservação foi
dado a todos os seres vivos, seja qual for o grau de inteligência.
Para uns, os animais por exemplo,
é puramente mecânico já que o instinto é um tipo de inteligência.
Para outros, os homens, parte
dele permanece mecânico como instinto (nossas reações automáticas na presença
do perigo) e parte dele podemos submeter a nossa inteligência racional
submetendo-o a nossa vontade já que em alguns casos podemos controlar o
instinto.
O instinto de conservação, que
nos foi útil no reino animal na forma mecânica, tende a desenvolver o egoísmo
no homem.
Sendo o egoísmo um dos maiores
dos males ele nos atrapalha e deve ser transformado em fraternidade, humildade,
amor, etc. para que a raça humana tenha a felicidade neste mundo, como prometeu
Jesus.
O estudo desta lei está subdivido em:
-
1. Instinto de Conservação. - 2. Meios de conservação.
-
3. Gozo dos bens terrenos. - 4. Necessário e supérfluo.
-
5. Privações voluntárias Mortificações.
É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar.
O que chamamos destruição é apenas transformação que tem por objetivo a
renovação e o melhoramento dos seres vivos.
Diz a lei de Lavoisier: “Nada se
perde nada se cria tudo se transforma”.
O estudo desta lei está subdivido em:
-
1. Destruição necessária e destruição abusiva. - 2. Flagelos destruidores.
-
3. Guerras. - 4.Assassínio. - 5. Crueldade. - 6. Duelo. - 7. Pena de morte.
A vida social é uma obrigação natural.
Deus fez o homem para viver em sociedade.
Deus deu-lhe a palavra e todas as demais faculdades necessárias ao
relacionamento.
O estudo desta lei está subdivido em:
-
1. Necessidade da vida social. - 2. Vida de insulamento. Voto de silêncio. - 3.
Laços de família.
O estado natural é o estado primitivo.
A civilização é incompatível com o estado natural, enquanto a lei
natural contribui para o progresso da humanidade.
O estado natural é a infância da
humanidade, é o ponto de partida de seu desenvolvimento intelectual e moral.
O homem, tendendo à perfeição e
tendo em si o germe de seu aperfeiçoamento, não está destinado a viver
perpetuamente no estado natural, como não foi destinado a viver perpetuamente
na infância.
O estado natural é transitório, o
homem liberta-se dele pelo progresso e pela civilização. A lei natural, ao
contrário, rege a humanidade inteira e o homem se aperfeiçoa à medida que
melhor compreende e pratica essa lei.
O estudo desta lei está subdivido em:
-
1. Estado de natureza. - 2. Marcha do progresso. - 3. Povos degenerados. - 4.
Civilização. - 5. Progresso da legislação humana.
-
6. Influência do Espiritismo no progresso.
Todos os homens são iguais perante a Deus.
Todos tendem ao mesmo objetivo e Deus fez suas leis para todos.
Muitas vezes, dizeis: “O Sol nasce para todos” e dizeis aí uma verdade
maior e mais geral do que pensais.
Todos os homens são submissos às
mesmas leis da natureza; todos nascem com a mesma fraqueza, sujeitos às mesmas
dores, e o corpo do rico se destrói como o do pobre.
Portanto, Deus não deu a nenhum
homem superioridade natural nem pelo nascimento, nem pela morte: todos são
iguais diante de Deus.
O estudo desta lei está subdivido em:
-
1. Igualdade natural. - 2. Desigualdade das aptidões. - 3. Desigualdades
sociais. - 4. Desigualdade das riquezas. - 5. As provas de riqueza e de
miséria. - 6. Igualdade dos direitos do homem e da mulher.
7.
Igualdade perante o túmulo.
Não há liberdade absoluta, porque todos necessitam uns dos outros, tanto
os pequenos quanto os grandes.
O estudo desta lei está subdivido em:
- 1. Liberdade natural. - 2. Escravidão. - 3.
Liberdade de pensar. - 4. Liberdade de consciência. - 5. Livre-arbítrio. - 6.
Fatalidade. - 7. Conhecimento do futuro. - 8. Resumo teórico do móvel das ações
do homem.
O sentimento de justiça é tão natural que vos revoltais com o pensamento
de uma injustiça.
O progresso moral desenvolve, sem dúvida, esse sentimento, mas não o dá.
Deus o colocou no coração do homem; por isso encontrareis, muitas vezes,
nos homens simples e primitivos noções mais exatas de justiça do que naqueles
que têm muito conhecimento.
“Benevolência para
com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
O amor e a caridade
são o complemento da lei de justiça. pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem
que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas
palavras de Jesus: Amai-vos uns aos
outros como irmãos.
A caridade, segundo
Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos
com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou
nossos superiores.
O estudo desta lei está subdivido em:
-
1. Justiça e direitos naturais. - 2. Direito de propriedade. Roubo.
-
3. Caridade e amor do próximo. - 4. Amor materno e filial.
Todas as virtudes têm seu mérito, porque indicam progresso no caminho do
bem.
Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento das más
tendências; mas a sublimidade da virtude é o sacrifício do interesse pessoal
pelo bem de seu próximo, sem segundas intenções.
“A mais merecedora das virtudes nasce da mais desinteressada caridade.”
O Espírito prova sua elevação quando todos os atos de sua vida são a
prática da lei de Deus e quando compreende por antecipação a vida espiritual.
Esta lei é a mais importante; é por ela que o homem pode avançar mais na vida
espiritual, porque resume todas as outras. Foi por este motivo que Jesus a
focou com maior força.
O estudo desta lei está subdivido em:
-
1. As virtudes e os vícios. - 2. Paixões. - 3. O egoísmo.
-
4. Caracteres do homem de bem. -5. Conhecimento de si mesmo.
Nota importante:
Kardec deixou bem claro, ao explicar esta lei, que
ela era a mais importante e ainda disse que foi por este motivo que Jesus a
focou com maior força.
Kardec também preferiu tratar desta focagem de
Jesus em um livro em separado que é o Evangelho Segundo o Espiritismo.
Por este motivo também não a estou focando aqui por
preferir, a exemplo de Kardec, fazer para elas um resumo informativo em separado,
tratando, entre outros dos seguintes tópicos:
·
Reencanação:
Muito embora Kardec não tenha
elencado a reencarnação como sendo uma lei natural acho importante relacionar
este assunto aqui por ser uma forma da humanidade progredir, no estágio em que
estamos, alternando experiências no plano espiritual e físico.
Pela sua importância este assunto
será tratado em um resumo informativo em separado, da mesma forma que Kardec
preferiu faze-lo.
Os que
quiserem um detalhamento maior devem ler
o Livro dos Espíritos. Parte Terceira. Capítulos de I a XII - Allan Kardec.
Nenhum comentário:
Postar um comentário